Tiana: uma educadora que dedicou sua vida ao ensino, impactando gerações de alunos indígenas
Neste Dia do Professor, a Gazeta Educação presta uma homenagem especial a Sebastiana Silva Souza, carinhosamente conhecida como Tiana. Após décadas de dedicação à educação, Tiana está se aposentando, deixando um legado profundamente marcado por sua contribuição à vida escolar das crianças indígenas em Amambai, especialmente na Escola Mitã Rory, onde foi professora, diretora e responsável pela criação do coral da escola, que transformou a vida de muitos alunos e suas famílias.
Uma jornada de propósito e fé
Tiana chegou a Amambai em 1990, convidada pelo reverendo Saulo Camilo, para trabalhar na Missão Evangélica Caiuá. Inicialmente, sem experiência com a comunidade indígena, ela sentiu que Deus a guiava para esse novo desafio. “Eu sempre quis trabalhar com crianças, mas nunca pensei que seria com crianças indígenas. Quando vim para Amambai, sabia que se Deus estava me chamando, Ele também me capacitaria”, relembra Tiana, que ao longo dos anos desenvolveu um amor imenso por seus alunos e pelas famílias indígenas, que a acolheram com carinho e respeito.
Com formação em Pedagogia e pós-graduações em Gestão Escolar e Metodologia da Educação Infantil e Fundamental, Tiana sempre acreditou que a educação é mais do que simplesmente ensinar conteúdos. Para ela, ser professora é também ser exemplo, guiar os alunos em suas escolhas e, acima de tudo, acreditar no potencial de cada um.
A criação do Coral Mitã Rory
Um dos marcos mais significativos da carreira de Tiana foi a criação do Coral Mitã Rory. O início se deu com uma apresentação tímida de algumas crianças, mas rapidamente o projeto ganhou força e reconhecimento. Hoje, o coral conta com 75 crianças e já se apresentou em diversas cidades do Brasil, levando a cultura e o talento das crianças indígenas de Amambai para o país inteiro.
Além de levar música, o coral se tornou um patrimônio cultural do município, aprovado pela câmara de vereadores. Para Tiana, o coral é mais do que uma atividade extracurricular; é uma oportunidade de mostrar ao mundo o talento e o potencial das crianças indígenas. “É muito gratificante ver que muitas dessas crianças, agora adultas, seguem pedindo para matricular seus próprios filhos no coral, porque também fizeram parte dele no passado”, conta ela, emocionada.
O impacto na vida dos alunos
O impacto de Tiana vai além da sala de aula e do coral. Para muitos de seus ex-alunos, ela foi uma verdadeira inspiração. Um exemplo é Duadino Martines, que foi aluno de Tiana no início de sua jornada escolar e hoje é diretor da Escola Estadual Indígena Guarani Kaiowá. “A Tiana marcou a minha vida. Ela me deu aula no terceiro ano e até hoje eu lembro das lições que ela ensinava, como o Hino Nacional e o Hino da Bandeira. Ela foi fundamental para a minha formação”, relembra Duadino.
Ele também destaca a influência de Tiana no campo musical. “Eu não participei do coral, mas cantava nas cantatas que ela organizava na Missão. A música sempre foi muito presente na nossa comunidade por meio dela”, conta. Inspirado pela professora, Duadino criou um grupo de canto, dança e teatro, que hoje percorre várias aldeias levando arte e cultura.
Uma vida dedicada à educação
Ao se aposentar, Tiana deixa um legado de amor à educação e um impacto imensurável na vida de várias gerações de alunos indígenas. “Eu me sinto realizada por saber que fiz parte da história de vida de tantas crianças. Ver que muitos de meus ex-alunos se tornaram professores e diretores é a maior recompensa que eu poderia ter”, reflete.
Neste Dia do Professor, destacamos a história de Tiana, que dedicou sua vida a transformar a educação e a abrir caminhos para que suas crianças pudessem sonhar alto e conquistar o mundo. Para ela, um dos maiores ensinamentos sempre foi encorajar os seus alunos a acreditarem em si mesmos: “Vocês podem ganhar o mundo!”.
A Gazeta Educação parabeniza todos os professores por sua dedicação incansável, comemorando o compromisso de educadores como Tiana, que inspiram e transformam vidas todos os dias.
Por: Raquel Fernandes
