A inclusão escolar de crianças com Necessidade Educacionais Especiais é um grande desafio à educação contemporânea. A adaptação ambiental, que engloba modificações físicas, pedagógicas e sociais do ambiente escolar, potencializa a participação e o aprendizado dessas crianças. Nesse sentido, tal qual McWilliam (2019, p. 45): “A inclusão de crianças com necessidades especiais requer não apenas adaptações curriculares, mas também transformações no ambiente físico e social que promovam a participação ativa e a autonomia dos alunos”.
A estruturação do ambiente não significa o espaço rígido e inflexível. Pelo contrário, a flexibilidade é essencial para atender às necessidades individuais de cada criança e permitir essa explorar e aprender o próprio ritmo. A combinação de atividades individuais e em grupo, por exemplo, desenvolve tanto as habilidades autônomas quanto a aquisição de competências sociais e isso significa promover a autonomia e a qualidade de vida das crianças.
Para Amaral (2014, p. 107): “Não é o aluno quem deve se adaptar ao currículo e, sim, este que deve se adaptar a ele. A mesma matéria deverá ser ensinada, porém de maneira diferenciada, ou seja, de acordo com as necessidades do indivíduo”. Há a necessidade urgente de repensarmos as práticas pedagógicas, especialmente no contexto de uma inclusão legítima e com qualidade.
Segundo a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), estudantes com deficiência auditiva, visual, física ou intelectual ou com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm direito a um profissional de apoio. A legislação diz:
“XIII – profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas (…)”
Contudo, é muito importante avaliar se a presença desse profissional em sala de aula é mesmo necessária. Se for, o objetivo de sua atuação deve sempre ser a promoção da autonomia e da independência do estudante, na escola e fora dela.
O processo de inclusão de cada estudante é único. Por isso, é fundamental avaliar cada situação especificamente, a fim de constatar se o profissional de apoio é de fato necessário para garantir a inclusão efetiva de um determinado aluno. E é importante considerar que, para decidir essa necessidade, todos devem ser envolvidos nesse processo: os próprios alunos, a família, os educadores, terapeutas, clínicos e demais atores que se fizerem necessários.
Levando-se em conta que cada indivíduo tem um conjunto único de habilidades e desafios, a individualização das intervenções não se limita a adaptar apenas materiais ou atividades. Exige compreender profundamente as necessidades específicas de cada um. Para tanto, a avaliação detalhada, a construção do vínculo de confiança, a constante observação do progresso se faz necessária.
No entanto, temos ciência de que tudo o que já foi efetivado nesse sentido, ainda estamos apenas no começo de um longo caminho à inclusão escolar conforme seus idealizadores.
Para traduzir essas descobertas em mudanças reais e duradouras, precisamos de mais políticas públicas e investimentos em formação continuada dos profissionais em educação. Assim a adaptação ambiental será sustentável nas escolas, beneficiando toda a comunidade escolar. Cada adaptação, intervenção, pesquisa realizada, aproxima, cada vez mais, a escola do legítimo sistema educacional inclusivo e equitativo.
Por: Raquel Cazari Medeiros
Neuropsicopedagoga/ Orientadora Educacional
Cargo atual: Diretora Escolar