A realidade atual no Brasil é que existem cerca de 2 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista, então hoje falarei sobre realidade; não escreverei aqui sobre características desse Espectro, níveis, pesquisas ou termos científicos, tratamentos, enfim… hoje é sobre o ser humano e sobre indignar-se.
Fatos ocorridos, como no Distrito Federal, semana passada, quando um adolescente autista estava em um evento de formatura da PMDF, usando cordão do autismo e fone de ouvido antirruído, e foi destratado e ofendido por uma sargento, que gritou com o menino, considerando que ele usava fone de ouvido por desprezar o evento! Situações assim me deixam perplexa!
Um número tão expressivo de pessoas dentro do Espectro, com um número tão expressivo de pessoas também fazendo o bem, divulgando, conscientizando e, ainda, ainda acontece o desprezo e a ignorância!
Hoje é sobre pensar, analisar e refletir sobre as situações das milhares de pessoas autistas, das suas famílias, que sofrem com preconceito, falta de serviços de apoio, constrangimentos, deparar-se com situações inesperadas de serem mal abordados e mal tratados em movimentos que são normais, como estar em um evento público, na rua, ou dentro de uma escola, num restaurante, num supermercado, ou onde quer que seja.
A correria de uma mãe autista por si só já é desgastante; a busca para garantir o acesso aos apoios e serviços que são direitos de seu filho, o vaivém para as terapias, a gangorra emocional constante entre os avanços e retrocessos nas aprendizagens da criança ou adolescente, tudo isso somado às outras tarefas que lhe são naturais dentro da família, já é muitoooo!
Aí então, quem está “de fora” dessa dor, “de fora” desse Espectro, deve sim ser empático, deve sim indignar-se, deve sim compreender, deve sim procurar entender o que se passa, deve sim ter cuidado e respeito nas abordagens com estas pessoas e famílias!
Todos devemos nos indignar, reclamar, falar sobre, divulgar, mostrar a verdade quando nos depararmos com situações de descaso ou destrato com pessoas dentro do TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Para os responsáveis da criança, adolescente ou adulto com autismo, lidar com toda a demanda necessária e ainda ter que brigar pelo mínimo de respeito, puxa vida! É demais!!!
É demais para qualquer um!!!
Por: Glauce Leite Mascarenhas
Pedagoga, pós-graduada em Educação Especial, Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional. Atua clinicamente e institucionalmente na Apae de Amambai.